Revolução

Como é que podemos e porque é que devemos pôr em prática os Mini-Ciclos de Leccionamento?

   Este é o ponto final desta nossa exposição dos Mini-Ciclos de Leccionamento. É também o ponto que acaba por ser mais difícil de escrever, sobretudo pela sua própria natureza e pelos temas que aborda, mas faremos o nosso melhor, como o temos feito até agora. Mas deixemo-nos de conversas da treta e vamos ao que interessa.

   Vamos admitir (coisa em que já acreditamos, e que esperemos que os leitores possam vir a acreditar também) que os Mini-Ciclos de Leccionamento são, de facto, a melhor opção, a melhor alternativa para o actual sistema de ensino, que, como começámos por evidenciar, está longe de ser perfeito. Ora, sendo o melhoramento das condições de vida de cada um e de todos um acto que poderemos considerar desejável, somos forçados a concluir que é nosso dever (moral, ético, metafísico, como preferirem) esforçarmo-nos no sentido de efectuar essa melhoria.

   Só que é algo easier said than done, como qualquer anglo-saxão diria… Não podemos, pura e simplesmente, estalar os dedos e, com isso, ver os Mini-Ciclos automaticamente implantados. Em vez disso, se queremos ver isto tornado realidade (e esperamos que, por esta altura, o leitor se enquadre já neste “nós”…), temos um longo caminho pela frente… Estabelecer planos e vias de acção é sempre algo difícil e bastante duvidoso, mas talvez os passos seguintes sejam uma boa guia para os nossos esforços:

1) Espalhar a ideia. Angariar o máximo número de apoiantes dos Mini-Ciclos de Leccionamento, esclarecidos face às injustiças do actual sistema de ensino e à urgência de acabar com elas (será o leitor um destes apoiantes?).

2) Com base nesses apoiantes (se a isso estiverem dispostos… vá lá… por favor…), estimular a contestação, não no sentido briguento e atabalhoado do termo, mas sim como uma atitude quase filosófica de reflexão e pensamento críticos relativamente ao status quo e às práticas educativas tradicionais. Se possível, esclarecer e arranjar mais apoiantes como em 1…

3) Fazer chegar mais veementemente à opinião e ao pensamento do grande público os muitos problemas por resolver no âmbito do ensino.

       3.1) Se possível, empreender esforços de contestação mais notórios face às injustiças mais flagrantes (das quais se destaca a questão dos exames nacionais).

              3.1.1) Se possível, envolver meios de comunicação social.

4) Na senda desta preocupação recém-adquirida com o ensino, começar a popularizar esta ideia e este conceito dos Mini-Ciclos de Leccionamento.

5) Eventualmente, com base nessa popularização, encontrar os colaboradores necessários (se é que não se os obteve antes) para elaborar melhor as áreas que ainda não estão suficientemente desenvolvidas (nomeadamente a árvore do conhecimento)

6) Com estas áreas mais ou menos problemáticas já regularizadas, avançar para uma proposta mais formal, mais definitiva, da aplicação deste paradigma dos mini-ciclos de leccionamento.

7) Mesmo que garantida essa aplicação, não deixar nunca de lutar pela melhoria das condições de todos, neste caso em particular, do ensino em Portugal!

   Então, a ideia, o plano, seria mais ou menos este. Claro, tudo isto é muito vago, os passos são muito genéricos e tudo o mais, mas, como guia, como linha condutora, serve. Isto é, portanto, o como. Falta o porquê.

   É que não podemos negar que é bastante mais confortável pura e simplesmente deixar as coisas andar, deixá-las ficar como estão, e nada fazer para o mudar. Afinal, se as coisas assim estão, há-de haver um motivo lógico para assim o ser…

   A questão é que, por um lado, as sociedades, infelizmente ou nem tanto, raramente se regem pela lógica, e, por outro lado, os motivos que levam à manutenção de um status quo não têm a ver com o que é melhor ou mais desejável, mas sim com o que compõe esse mesmo status quo. A sociedade é tendencialmente conservadora e auto-perpetuante e, nesse sentido, manter-se-á para sempre como está, bem ou mal, desejável ou indesejável, se nada se fizer para a mudar.

   É certo que há todo um conjunto de interesses e lobbies mais ou menos ocultos (editoras, o próprio Ministério da Educação, o quase omnipotente e quase omnipresente IAVE, as facções mais conservadoras de professores e alunos…) a esfoçar-se para que as coisas assim se mantenham, mais que não seja porque isso os beneficia mais do que eventuais alterações ao status quo. Mas isso, a existência do que podemos chamar um inimigo poderoso, só pode servir para nos dar alento na nossa luta, para redobrarmos os nossos esforços, para que nos mostremos, para que lhes mostremos, que, contra todas as probabilidades, contra tudo e contra todos, venceremos, prevaleceremos, melhoraremos as coisas, cumpriremos o nosso dever, para connosco, para com os nossos e para com, se assim quiserem, todo o Universo.

   E, assim, para terminar com mais umas palavras (eventualmente demagógicas, mas não é essa a intenção…) de encorajamento a todos, quer aos que já iniciaram, quer aos que ainda estão a iniciar esta tão justa, mas tão difícil luta, pediremos que não se deixem levar pela ilusão de que são irrelevantes, insignificantes, inúteis para lutar contra o sistema. Não! Não estão sozinhos nessa vossa luta, e muitas partes pequenas juntas fazem um todo quase tão grande quanto as partes grandes todas! Não deixem nunca de lutar por aquilo em que acreditam, não deixem nunca de se arriscarem a melhorar as coisas. Têm mais poder e mais importância do que os que atribuem a vocês próprios! Não desistam, não, nunca! Juntem-se todos, juntem-se a nós, deixem que nos juntemos a vocês, e colaboremos todos na construção de um futuro melhor, de um presente melhor, para nós, para todos nós!



Mini-Ciclos de Leccionamento – Um Paradigma Alternativo de Ensino
| Introdução | Contestação | Inovação | Comparação | Revolução |

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este espaço está à disposição de todos os leitores, seja para elogiar, seja para criticar, seja para, pura e simplesmente, comentar. O autor reserva para si o direito de responder conforme tenha disponibilidade.