O Ensino Deveria Ser Radicalmente Diferente



   Convenhamos, o actual sistema de ensino não serve, desviou-se do seu propósito original, que era, como o seu próprio nome indica, ensinar. A transmissão de conhecimentos, como o era e deveria ser, deu lugar a uma tal deturpação, a nível funcional e organizacional (e programático), que pura e simplesmente deixou de cumprir o seu propósito.

   Quando questionado, qualquer aluno (talvez não propriamente todos os alunos, isso é exagero da minha parte, mas a maior parte dos alunos talvez seja uma aproximação suficientemente precisa) dirá que não gosta da escola. Se não o disser, estará a mentir, com medo de ser prejudicado, de alguma forma, por expressar a sua opinião, ou, então, será o perfeito e completo totó. Os leitores que me perdoem a expressão vagamente ofensiva (ainda que me considere, pessoalmente, um totó-mor, e digo-o não numa tentativa de me vangloriar, mas para aplacar a já previsível ira daqueles que se sintam atingidos pela minha expressão, aos quais não posso deixar de dirigir as minhas desculpas), mas, em todos os (parcos) anos em que pude contactar com uma comunidade escolar, não encontrei um único aluno que eu conhecesse e que soubesse que gostava, em essência, da escola (poderia expressá-lo pelo motivo que se referiu antes, mas não seria o seu sentimento mais profundo). Então, para quê manter a escola tal como hoje é e não mudá-la para um sistema que agradasse mais a todos?

   As respostas que se me apresentam são estas: por um lado, há um certo cariz comodista, portanto bem português, nessa renúncia em mudar; por outro lado, há todos os lobbies e poderes instituídos, nomeadamente os dos professores e dos Ministérios diversos, que impedem a mudança por lhes ser mais conveniente o actual estado das coisas. Ou seja, o que me parece é que há um conjunto de coisas indesejáveis (indiscutivelmente indesejáveis, diga-se o que se disser, excepto, claro, se formos lobbyists) que mantém o mundo dos estudantes uma coisa indesejável.

   Os leitores mais conformistas (ou lobbyists que se dignem a ler este artigo), teimando em manter as coisas tal como estão, começarão já a acusar-me de saber criticar, mas de não ter propostas verdadeiras, reais, concretas, para um novo sistema. Não tendo formação em pedagogia, a minha proposta é, sob o ponto de vista burocrático que impera na tão eficiente (por assim dizer…) administração pública, totalmente desprovida de valor; assim sendo, o que irei fazer corresponde a dar, socorrendo-me das expressões populares portuguesas, “uma achegazinha” daquilo que, do ponto de vista de um aluno que amiúde pára para reflectir sobre assuntos diversos, seria um bom sistema, e que, segundo espero, recolha o agrado da grande maioria (não é que seja isso que define um bom ou mau sistema, mas é meio caminho andado para que corra melhor) dos implicados. Alunos mais do que professores, talvez, mas espero que agrade a ambos.

   Logo de início, comecemos por analisar as principais razões para o abandono escolar no sistema actual (ou, pelo menos, aquelas que se me apresentam, numa análise feita sempre exteriormente ao problema apresentado, por nunca ter podido contactar a fundo com essa realidade): acima de tudo, e mais evidentemente, o desinteresse por prosseguir estudos (seja por falta de perspectivas de futuro, seja por os programas não estarem organizados de maneira a despertar o interesse dos alunos); seguidamente, e, talvez, com o mesmo nível de importância, problemas económicos, que forçam os alunos a ir trabalhar para suportar a família (ou a si próprios), ou que os impedem de cobrir os custos da frequência a dado ano (sejam eles propinas e equivalentes, ou o material e livros necessários); por fim, múltiplas reprovações, que desmotivam o aluno e implicam uma perda de tempo significativa.

   Antes de prosseguir com a minha proposta, é igualmente importante frisar algumas das principais críticas passíveis de serem apresentadas ao sistema actual (outra coisa que, na minha perspectiva, não se tem feito com a veemência suficiente, e uma das principais razões para a redacção deste texto):

·        O excesso de rigidez organizacional (em termos da divisão temporal dos ciclos de leccionamento – ou seja, do período atribuído a cada conjunto de conteúdos – e da possibilidade, ou impossibilidade, de seleccionar as matérias que se deseja aprender e ver reconhecido que se aprendeu), com um período de leccionamento fechado de um ano lectivo, o que aumenta a gravidade de um falhanço, eventualmente promovido por um acontecimento pontual ou por uma matéria mais desagradável para o aluno, e que implica o desperdício de, no mínimo, um ano de vida potencialmente útil para a sociedade (e para o aluno), e com programas lectivos mais ou menos fixos para cada ano, impedindo o aluno de, oficialmente, ter aprendido um conteúdo de outro ano antes de o frequentar, além de impedir simultaneamente que um aluno se especialize numa dada área que é do seu interesse e que um outro aluno se dedique a praticamente todas as áreas em geral (isto porque, no chamado Ensino Básico, o programa é geral, e nenhuma disciplina se pode rejeitar, enquanto que, no Ensino Secundário, cada aluno tem de optar por uma vertente, deixando de lado as restantes; mesmo que, no actual sistema, um aluno se possa matricular no exame de uma disciplina não pertencente à sua vertente, podendo, eventualmente, ver reconhecido que “aprendeu” a matéria dessa disciplina por ter conseguido passar no exame, não é, em essência, possível frequentar as aulas e verdadeiramente aprender essa matéria.

·        A existência de instrumentos de avaliação irrealistas e insuficientes (leia-se testes e exames), cujo resultado depende, mais vezes do que alguém alheio às realidades do estudo poderia achar possível, de muito mais do que o puro conhecimento do aluno testado (que, de qualquer forma, pode decorar a matéria necessária em vez de a tentar interiorizar, o que resulta num resultado “falsificado” por, a seguir ao teste, o mais provável ser o aluno esquecer toda aquela matéria que deveria ter aprendido), como seja a linguagem utilizada no enunciado do teste (e que muitas vezes não é a mais correcta, pela falta, relativamente comum, de conhecimentos, por vezes até dos mais básicos, da Língua Portuguesa por parte dos professores que os elaboram, e que não se resumem, ao contrário do que muitos prontamente diriam, ao Novo Acordo Ortográfico, que, de resto, também deve ser criticado e abolido, mas agora não é esse o assunto), o próprio estilo de teste do professor que o elaborou, acontecimentos pontuais, e amiúde acidentais, que afectem a capacidade de o aluno resolver o teste, entre muitos outros.

·        A repetição de matéria, com diferentes graus de aprofundamento, que resulta num esforço adicional por parte dos alunos de se esquecerem da matéria leccionada anteriormente, que, mais tarde, é vista enquanto uma simplificação errónea (nalguns casos), e, obviamente, numa perda de tempo, além de contribuir para uma boa dose de confusão.

·        A inconstância dos programas lectivos, tornando virtualmente impossível a alunos (e, nalguns casos, a professores) ficar totalmente a par dos conhecimentos que passam a ser considerados necessários e que, por o programa ter sido diferente, não foram leccionados, resultando, em última análise, numa desadequação programática que implica perdas de tempo, amiúde escasso para a matéria prevista, para se poder actualizar alunos.

   Obviamente que esta lista poderia continuar por muito mais páginas, mas estas serão, talvez, as críticas mais abrangentes e mais pertinentes, resultantes de deficiências do sistema em si e não de idiossincrasias de determinadas escolas e/ou regiões. Em todo o caso, fica a ressalva de que, além disto, muito haveria, ainda, a apontar. Se se der o caso de um leitor ter mais alguma crítica que considere suficientemente pertinente para aqui figurar, agradeço as suas sugestões.


   Estando, agora, enumerados os principais pontos a melhorar, procederei, então, a descrever a minha proposta de um sistema de ensino. Convém, antes de mais, referir que a implantação deste sistema seria muito mais facilitada se fosse efectuada num contexto sócio-cultural e tecnológico-científico completamente diferente, mas tais factores fogem ao tema que me propus abordar e, por isso, abster-me-ei de os descrever (talvez o faça numa outra altura, num outro texto, mas não agora); em todo o caso, não deixaria de implicar um conjunto de alterações na sociedade actual que, dentro do meu básico entendimento do funcionamento da sociedade, tentarei indicar oportunamente (ainda que, talvez, tenham a potencialidade de provocar muitas mais).


   A base deste sistema parece-me relativamente simples e simultaneamente eficaz e elegante (ainda que a minha avaliação possa ser considerada tendenciosa): um sistema de progressão em árvore com “mini-ciclos” de leccionamento. Passo a elaborar. Este sistema basear-se-ia numa maior divisão das matérias, em pequenos módulos (uso este termo pela falta de um melhor), que compreenderiam uma matéria em si (por exemplo, o módulo “módulo”, onde se aprenderia a entidade matemática “módulo”, o seu significado e utilização), e que seriam leccionados ao longo de duas a dez “aulas”, consoante a sua complexidade; estes módulos estariam organizados num esquema semelhante a uma árvore, havendo módulos situados na raiz, correspondendo às bases de toda a matéria (as letras e os números, mais flagrantemente), que dão acesso a um conjunto mais restrito de módulos, o caule, que corresponderia a um outro conjunto de conhecimentos, mais avançados, necessários para prosseguir qualquer estudo (talvez as bases da Matemática e da linguagem – Língua Portuguesa, no nosso caso); depois, a partir deste caule, poder-se-iam frequentar outros módulos, formando os ramos da árvore; a actual divisão entre Ensino Primário, Ensino Secundário e Ensino Superior desapareceria (desculpem lá, elites académicas…). Todos estes módulos estariam organizados de tal forma que um módulo desbloqueasse um (ou mais) outro(s) módulo(s), cuja matéria dependesse daquela pertencente ao módulo original (num exemplo simplista e superficial, o módulo “átomo” desbloquearia o módulo “molécula”, o módulo “super-estruturas atómicas” e o módulo “ião”), havendo alguns casos em que um módulo necessitaria de vários outros módulos para ser desbloqueado (por exemplo, o módulo “função módulo” implicaria o conhecimento prévio dos módulos “função” e “módulo”). Gostaria de poder apresentar já toda a árvore de módulos, mas a impossibilidade que tenho em conhecer a totalidade das matérias disponíveis impede-me de o fazer, pelo que apenas posso deixar a esperança de que, neste ponto, tenha sido suficientemente claro. Se não tiver sido, e alguma questão restar, terei todo o gosto em esclarecê-la oportunamente.



Representação abstracta e simplista da árvore de módulos, para ilustrar o conceito. Azul – Raiz; Verde – Caule; Laranja – Ramos


   Estes módulos compreenderiam a totalidade do conhecimento humano (daquele que possa ser plausivelmente transmitido de uma forma sistematizada), englobando matérias quer teóricas, quer práticas, e as matérias seriam leccionadas de maneira a favorecer a compreensão em vez da memorização (estabelecendo um paralelo com a Matemática, a ideia não seria fazer os alunos decorar a tabuada do 7, mas sim perceber que se formava essa tabuada ao somar 7 ao número anterior, o que equivaleria a multiplicar sete por mais uma unidade), não exigindo que os alunos saibam de cor “informação em bruto” (leia-se tabelas, listas, datas, fórmulas, constantes…) se esta não for essencial ao raciocínio (por exemplo, exigir que um aluno saiba os primeiros cem dígitos de π seria descabido, mas faz sentido que um aluno tenha de saber que a área de um círculo se calcula por πxr2). A matéria seria explanada pelo professor a partir de diferentes suportes, mas, e sobretudo, a partir de uma plataforma on-line (a desenvolver) contendo a matéria (sob a forma não só de texto, mas também de diferentes animações interactivas, figuras ilustrativas…) e os exercícios (muitos exercícios…) pertencentes à matéria de cada módulo, acessível aos professores e aos alunos, desaparecendo, assim, o actual conceito de manual escolar (quase sinto o lobby das editoras a iniciar as manifestações…). A avaliação resumir-se-ia, idealmente, a uma escala binária (módulo concluído/módulo falhado), e seria extrapolada a partir da realização de exercícios ao longo das aulas (com recurso a uma avaliação contínua, no jargão do actual sistema), efectuados na já referida plataforma (mas apenas aqueles efectuados na sala de aula, não os efectuados em casa, para minorar as possibilidades de copiar as respostas de algum outro lugar), com recurso a meios informáticos (preferencialmente uma tecnologia touch sobremaneira refinada, de maneira que consiga detectar e interpretar adequadamente a escrita do aluno, substituindo os suportes físicos, mas obrigando ao desenvolvimento da caligrafia); quando um aluno demonstrasse, consistentemente, que já compreendeu aquela matéria, passaria, independentemente da quantidade de exercícios realizada. Esta parte poderá ter uma difícil aplicação fora da teoria, pelo que, ainda que contrariado, admito poder ser utilizado um sistema de classificação mais convencional, ainda que isso mantivesse uma certa parte dos problemas do actual sistema.

   O progresso de cada aluno no sistema de ensino seria independente de qualquer conceito de turma (ainda que os benefícios/malefícios sócio-psicológicos desse facto fossem discutíveis), e determinado apenas pelas aptidões do aluno para aprender; a escolha dos módulos a frequentar, à parte os da raiz e do caule (que, por corresponderem aos rudimentos do conhecimento humano – algo semelhantes ao 1.º Ciclo do Ensino Básico, se se quiser – seriam obrigatórios), seria apenas condicionada pelos módulos que o aluno já concluiu e pela vontade do aluno. Assim, cada aluno poderia escolher as matérias que deseja aprender, diminuindo-se as perdas de tempo e o desinteresse do aluno. É certo que este aspecto poderia ser alvo de duas críticas, às quais responderei antes mesmo de serem formuladas: por um lado, os alunos podem não ter a maturidade suficiente para fazerem uma decisão tão importante para a sua vida futura; por outro, talvez houvesse alunos que não desejassem frequentar nenhum módulo. Quanto à primeira crítica, os efeitos de uma decisão errada tornam-se mínimos (especialmente considerando o actual sistema), no sentido em que, se não for esse o verdadeiro interesse do aluno (ou se o aluno não tiver capacidades para isso), coisa que talvez seja detectada após relativamente poucos módulos, basta prosseguir um outro ramo, consoante o aluno o deseje (ou consiga). Quanto à segunda crítica, embora esse seja um problema que talvez se mantenha, a existência do sistema de módulos possibilita que as exigências académicas para os empregos sejam mais precisas (isto corresponde à primeira alteração social: cada emprego necessitaria dos módulos relevantes para esse emprego; possivelmente poderiam ser as próprias empresas a determinar quais as competências necessárias, consoante as suas necessidades específicas), pelo que, sem prosseguir módulos dos ramos, não terá muitas oportunidades profissionais; mais a mais, como a árvore inclui, ou deverá incluir, ramos de áreas muito diversas, além de práticos, teóricos ou uma mistura dos dois, esse aluno encontrará decerto alguma área para a qual esteja naturalmente predisposto, ou, no mínimo, mais bem adaptado (para isto contribuiria um bom serviço de psicólogos escolares especializados em orientação vocacional, ainda que a facilidade em passar nos módulos permitisse ao aluno descobrir por si próprio com perdas de tempo mínimas).

   Basicamente, os princípios centrais deste sistema estão já descritos. Certas especificidades organizacionais só poderão ser determinadas quando o sistema for posto em prática, mas há algumas coisas que poderei adiantar, enquanto possibilidades organizacionais.

   Em primeiro lugar, embora não seja ideal, seria vagamente aceitável (apenas vagamente) se os módulos pudessem ser leccionados em estabelecimentos diferentes, consoante a procura dos mesmos nesses locais (e como retenção de custos), ainda que de maneira a que cada local pudesse ter, num raio razoável (talvez 25 km, embora este seja um número passível de revisão), acesso a todos os módulos. Além disso, a raiz e/ou o caule poderiam ser leccionados em locais diferentes dos ramos, para minimizar o contacto entre alunos com grandes diferenças etárias, que poderia resultar em situações indesejáveis de diferentes tipos.

   Por outro lado, o mesmo professor poderia leccionar módulos diferentes (como seria de esperar, dada a possibilidade de o professor dominar a matéria de vários módulos), e o mesmo módulo poderia ser leccionado por professores diferentes (mas mantendo-se o mesmo professor ao longo do ciclo de leccionamento); é de se referir que é até desejável que os professores se alternem, para maior comodidade dos alunos, no sentido em que, por vezes, há professores com os quais se tem maior dificuldade de aprender, e, com essa particularidade, bastaria ao aluno frequentar os módulos dos professores cuja maneira de ensinar mais aprecia, ou evitar aqueles cuja maneira de ensinar menos aprecia, para obter uma melhor compreensão. Por uma questão de disponibilidade de salas, material e pessoal, após o fim de um dado ciclo de leccionamento, um dado módulo poderia só ser leccionado algum tempo depois (numa escala razoável, claro está, talvez dois meses no máximo), consoante a procura desse mesmo módulo, de maneira a que, por um lado, não se desperdicem recursos, e, por outro, não haja alunos à espera demasiado tempo pelo módulo que desejam frequentar. Isto também implicaria que o conceito de ano lectivo desaparecesse, mais ou menos, sendo que alunos e professores poderiam gozar férias consoante assim o desejassem, sendo que os professores (e agora sei que talvez ganhe a desaprovação dessa classe, mas o que direi faz sentido) teriam direito a tantos dias de férias quanto os restantes elementos da Função Pública (no entanto, para todos aqueles que tenham ficado desinteressados deste sistema por esse facto, relembro que um período de férias menor é compensado pela redução do tempo extra-horário despendido, no sentido em que não haveria testes para corrigir nem para elaborar, nem turmas e horários para coordenar, nem nenhum outro incómodo nesse sentido, excepto, em parte, a planificação das aulas e a indesejável burocracia, que, de qualquer forma, seria, idealmente, muito mais reduzida do que nos tempos actuais), enquanto os alunos, talvez, pudessem gozar tanto quanto quisessem (ou os deixassem), sob pena de não aprenderem e terem uma maior dificuldade em arranjar emprego (ver a alteração social proposta acima).

   Além disso, os módulos ocorreriam num horário diurno, mas também num horário nocturno (quando a procura assim o ditasse), para permitir a existência de trabalhadores-estudantes e/ou de trabalhadores que queiram aprofundar os seus estudos após os terem abandonado. Eventualmente, para alguém que interrompeu os estudos (ou melhor, que terminou o módulo que lhe dá acesso ao módulo que quer frequentar) há mais de um ano (número passível de revisão), não fazendo uso diário desses conhecimentos (ou seja, se o seu emprego não tiver como requisito esse módulo ou se não tiver estado, entretanto, a frequentar módulos a que esse módulo dá acesso), terá de provar que ainda se recorda da matéria, através de um conjunto de exercícios semelhante aos utilizados para aferir o conhecimento dos alunos que frequentam esse módulo. Só assim poderá frequentar esse módulo; se chumbar, terá, obviamente, de tentar de novo.

   Por fim, dada a natureza digital dos suportes (de realização de exercícios e da aprendizagem da matéria), o custo para frequentar o sistema de ensino prender-se-ia unicamente com o aparelho digital necessário para a consulta da matéria e para a resolução dos exercícios, se a família já não o possuísse. Em termos de contribuição para a manutenção de todo o sistema, poder-se-ia exigir uma pequena prestação anual (5€, 10€, ou algo assim) para se poder ter acesso, fora da escola, aos suportes digitais, embora, pessoalmente, não veja outra razão para isto senão a do aumento da receita pública (e consequente diminuição do défice, mas não abordamos a economia aqui).

   De momento, não vejo mais nenhuma especificidade intrínseca a este sistema que seja importante mencionar, embora, consoante o feedback dos leitores, esteja disposto a trabalhar os aspectos que não foram trabalhados, pelo que prosseguirei com uma nota final.

   Olhando em retrospectiva para tudo o que foi descrito, pergunto ao leitor: qual a sua opinião? Valerá a pena manter o actual sistema, ou adoptar um que, entre outras coisas:

1)      Potencia a flexibilidade da aquisição dos conhecimentos e a personalização do currículo educativo, potenciando, em função disso, o interesse dos alunos

2)      Favorece a verdadeira aquisição do conhecimento em vez da memorização de conteúdos a curto-médio prazo

3)      Elimina virtualmente toda a repetição desnecessária de matéria

4)      Possibilita um ensino praticamente gratuito (ou, mais que não seja, muito menos dispendioso do que o actual)

   Não serei arrogante ao ponto de dizer que este sistema não tem falhas, porque certamente as terá, mas, muito provavelmente, sem ser posto em prática, será difícil eliminá-las. No entanto, estou aberto, como sei que já disse repetidas vezes, a sugestões no sentido de o melhorar.



   Se, no fim deste discurso todo, talvez mais longo do que o necessário, o leitor ainda achar que vale a pena tentar mudar o actual sistema, junte-se ao movimento “Mini-ciclos de Leccionamento” e espalhe a palavra!

   Uma nota final a todos os estudantes (mesmo aos que não concordam com este sistema, mas que, ainda assim, não concordam com o actual):

   Não desistam, não parem, não se deixem demover de lutar por aquilo que acham que está certo! Não pensem que, se sempre o foi, sempre o será, não pensem que são uma mera engrenagem na enorme máquina do Ensino! Saibam que têm mais poder do que o que pensam, saibam que, sem vós, todos os lobbies, o dos professores, o dos ministros da Educação, o dos directores das escolas, não têm poder algum, não têm sequer razão de existir! Unam-se e lutem, mas não se separem nem dividam! Recordem-se do lema dos rebeldes das colónias britânicas na América do Norte: “United we stand, divided we fall!”. Digo-vos que sim, podem mudar o mundo! Basta quererem, basta acreditarem, basta lutarem! Lutem comigo, não só por vos, mas sobretudo pelos vossos filhos, por todos os futuros alunos, para que possam verdadeiramente ter um futuro melhor!

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