11 de julho de 2016

Breve Apontamento Sobre Ética Educativa (e o Funcionamento do Sistema de Ensino)

   Caros leitores, tenho de dizer que a minha entrada anterior talvez não tenha sido a mais correcta, nem a mais enquadrada no âmbito deste blog. Podia, de facto, apagá-la simplesmente, mas também não tenho coragem nem vontade para o fazer. Em vez disso, senti-me levado a escrever uma nova entrada, agora em prosa, agora mais conveniente, sobre um curto raciocínio filosófico que entretanto vim a efectuar, relativamente ao papel que alunos e professores deveriam ter no âmbito da Educação.

   Na Fundamentação Metafísica do Propósito da Escola, já expressei mais ou menos as minhas perspectivas de que o ensino serve, ou deveria servir, para transmitir conhecimentos racionais; em maior ou menor escala, todo e qualquer sistema de ensino acaba por seguir esse princípio, e naturalmente que o actual sistema de ensino também. Por outro lado, também não podemos ignorar que todo o sistema de ensino tem como elementos centrais, com o estatuto simultâneo de principal cliente e principal matéria-prima, os alunos. Então, tendo tudo isto em conta, não será necessária grande ginástica mental para concluirmos que os alunos acabam por estar incumbidos do dever (medianamente metafísico) de adquirir o conhecimento que lhes é transmitido. Por outro lado, acaba por ser igualmente óbvio que os professores têm a função oposta e complementar à dos alunos: a de garantir a transmissão dos conhecimentos, acabando por ser, portanto, os agentes mais relevantes de que o sistema de ensino dispõe para atingir a sua finalidade.

   Estão, assim, dispostos os dois fundamentos desta “ética educativa” (termo escolhido mais pela sua sonoridade que pela sua exactidão), por mais discutíveis que possam ser. Admito que possa não estar a ser inteiramente imparcial (dadas as minhas perspectivas… muito particulares… em relação ao ensino), mas creio que estes dois aspectos são suficientemente óbvios para serem pouco discutíveis. E partindo, então, destas duas premissas (mas sem ir construir silogismo algum…), onde podemos chegar? Ora bem, se os alunos devem aprender e os professores devem ensinar, os procedimentos no seio do sistema de ensino devem estar de acordo com esses propósitos: as coisas devem ser feitas da forma que possibilite aos alunos a aprendizagem mais fácil e rápida possível e aos professores a liberdade de ensinarem da forma que mais pareça adequar-se à maneira de ser e estar dos próprios professores e dos alunos. Isto, claro, será muito mais fácil de dizer do que de fazer, mas parece-me lógico admitir que a principal solução passaria por uma redução dos constrangimentos estruturais e burocráticos em prol da liberdade de acção dos professores e da liberdade de escolha dos alunos.

   Mas não é bem por aqui que me interessa ir. O que eu queria verdadeiramente dizer (enfim, já sabem mais ou menos porquê…) é que, no intuito de dar seguimento ao duplo propósito de os alunos aprenderem e os professores ensinarem, há um aspecto do ensino que não deveria, de modo algum, ser central: a avaliação. Independentemente do quão (in)desejável é a avaliação (e já sabem que, para mim, é mais do que muito…), independentemente de se é necessária ou não para garantir que os alunos estão de facto a adquirir o conhecimento que lhes está a ser transmitido, independentemente de se temos uma forma boa de aferir esse nível de conhecimento ou não, não podemos, de modo algum, admitir que avaliar ou aferir o conhecimento é essencial ao normal decorrer do processo de transmissão e aquisição de conhecimentos. Ou seja, independentemente de revoluções e ideologias diversas, não me parece fazer sentido a avaliação ocupar um lugar tão central, tão estruturante, no sistema de ensino como ocupa hoje.

   Era, em última análise, isto que eu tinha para dizer. Sei que não é grande coisa, sei que é apenas a reafirmação do anteriormente afirmado, mas fui levado a registar os resultados desta reflexão que, apesar de curta, enfim, acaba por ser minimamente pertinente para a temática do blog (mais do que o poema!). Ainda não é bem a entrada que eu queria, mas espero conseguir uma coisa mesmo bem-feita, mesmo à maneira, dentro em breve. De resto, se não vos estou a enfadar terrivelmente, se não vos afastei já daqui com a baixa qualidade dos meus textos, estejam, como sempre, à vontade para expressar as vossas opiniões e as vossas perspectivas sobre o que escrevo, e mesmo que seja sobre outras coisas…

   Enfim, pela segunda vez hoje, até à próxima entrada…

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